Em processo de progressão de carreira no cargo de jornalista do IFBA, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia, o jornalista Ivan Bezerra dos Santos ingressou como aluno especial no Programa de Pós-Graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação - PROFNIT, o Mestrado Profissional do Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia – FORTEC, na primeira turma ofertada pela Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, em 2016.
Ao participar da disciplina optativa Indicação Geográfica - IG, ministrada pela Dra. Ana Paula Trovatti Uetanabaro, Ivan Bezerra não fazia ideia do que iria encontrar: “Eu nunca tinha ouvido falar em Indicação Geográfica ou pelo menos nunca tinha prestado atenção a este termo. No máximo, conhecia, sem saber que se tratava de IG, algumas bem famosas, como Champagne, Porto, Canastra e Salinas”.
Após esse contato, o conhecimento em torno das IGs fez com que Ivan Bezerra passasse a relacionar os termos famosos à exclusividade de produtos e serviços e às características próprias de cada região. “Isso me fez despertar para o alto potencial econômico e social desse importante ramo da Propriedade Industrial e perceber que o meu desconhecimento até então era o mesmo da maioria da população e que justamente aí está o maior entrave para o desenvolvimento das IGs”, define.
Já como aluno regular, em 2017, Ivan Bezerra focou seus estudos nas IGs. Primeiro, fez um levantamento prospectivo dos trabalhos científicos em torno da temática IG no Brasil e no mundo para relacionar aos estudos na área da comunicação social, seu ramo de atividade. O resultado da análise, o artigo “Comunicação e gestão do conhecimento aplicados às IGs: uma prospecção para novas tendências científicas”, mostrou uma lacuna nesse tipo de análise científica, o que o estimulou a se aprofundar ainda mais nessa temática.
Da parceria com sua orientadora, a professora Dra. Ana Paula Uetanabaro, outros dois artigos foram criados, ambos relacionando estratégias da comunicação social ao reconhecimento público das IGs. Todo material ficou concentrado na dissertação “Posicionamento das IGs brasileiras na internet: uma análise do uso e apropriação dos recursos digitais de comunicação”.
“Foi um trabalho muito bom, principalmente porque na região [Sul da Bahia], a gente carece desse tipo de material que dê suporte à IG do Chocolate [em fase de organização]. O fato de Ivan ser jornalista é sensacional porque somos carentes da boa divulgação, profissional e com credibilidade”, avalia Ana Paula.
Mesmo com toda assimilação teórica do conhecimento, o agora egresso do PROFNIT não se deu por satisfeito. Faltava a aplicação prática daquilo que, para ele, são ações necessárias para o fortalecimento da rede de IGs brasileiras e outras regiões produtoras:
A primeira ação é buscar unir todo conteúdo informativo relacionado às IGs, ao cooperativismo, ao associativismo, à produção tradicional com respeito ao meio ambiente, às pessoas, à cultura e à história do lugar, às ações de economia criativa e solidária, às inovações etc., em um único espaço, no caso, um blog especializado em IGs brasileiras e ações semelhantes, o GiOrigin.com.br, em atividade desde 2020.
A segunda, disponibilizar em um único sistema de comercialização eletrônica pela internet todos os produtos fabricados ou extraídos de regiões com registro de Indicação Geográfica e de regiões produtoras reconhecidamente tradicionais do Brasil. Para isso, foi criado e está pronto para uso desde o início de 2021 o marketplace GiOrigin.com, um shopping virtual onde cada produtor, após prévia análise de sua relação com o lugar da origem e a reputação dos produtos, pode abrir e manter sua própria loja virtual, um E-commerce que facilita a comercialização direta entre produtores e consumidores finais, sem a necessidade de atravessadores.
“É muito inovadora essa ideia e é um amadurecimento do trabalho iniciado no PROFNIT. Como algo assim ainda não existe, até onde a gente saiba, criar essa rede é um grande desafio, pela desconfiança inicial e natural dos produtores e pela necessidade de parcerias. Mas minha expectativa é que a GiOrigin se torne uma referência nacional para o comércio de Indicações Geográficas”, afirma Ana Paula.
Para a professora, esse tipo de inovação é exatamente o resultado esperado de um Mestrado Profissional como o PROFNIT, onde o estudante tende a buscar aplicar de forma prática os conhecimentos acadêmicos. “Para mim é gratificante, é uma realização!”, completa.
O coordenador do PROFNIT/UESC, professor Dr. Alfredo Dib Abdul Nour, reforça o papel exercido por um curso de Mestrado Profissional como o PROFNIT junto à sociedade: “Todo nosso trabalho é para que os alunos consigam transformar conceitos, ideias e movimentos em ações, especialmente locais e regionais, na esfera da Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia (PI&TT). Atitudes que abracem toda essa perspectiva da inovação, do empreendedorismo, da prospecção, da criatividade, tendem a alavancar uma justiça econômica e social mais enraizada e um desenvolvimento local mais próspero”.
O PROFNIT - FORTEC
O Programa de Pós-Graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação stricto sensu - PROFNIT é dedicado ao aprimoramento de profissionais que atuem em Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs), Centros de Inovação Tecnológica, Agências de Fomento à Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação, entre outros Ambientes Promotores de Inovação em diversos setores, acadêmicos, empresariais, governamentais, das organizações sociais etc.
O Mestrado Profissional PROFNIT do Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia - FORTEC forma profissionais de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para Inovação em todas as regiões do Brasil, ligadas em uma rede nacional de Pontos Focais.
Co-financiado pelo governo brasileiro e por outras organizações, o PROFNIT é gratuito para os estudantes e uma contribuição social do FORTEC em associação com Instituições de Ensino Superior.
De acordo com o presidente do FORTEC, o professor Dr. Gesil Sampaio Amarante Segundo, a criação do PROFNIT se deu pela expectativa de dotar os esforços relacionados com PI&TT para inovação de maior conteúdo e preparo técnico. “E a escolha pela modalidade profissional envolve a expectativa de que os trabalhos resultem em intervenções efetivas no ambiente de atuação dos profissionais”, explica.
“Nesse sentido, um portal [como a GiOrigin] para organização das informações e impulso aos produtos de origem tem tudo a ver, desde que tecnicamente bem embasado e bem demonstrada a lacuna atual neste sentido”, conclui Gesil.
